Moçambique: aqui vou eu

Como mulher casada obviamente estou com um raiva imensa ao tal acórdão do tribunal do Porto, que dá um voto claramente a favor da violência de género sobre a mulher. Sem querer entrar em generalizações, sinto-me extremamente agredida com este evento.

Estou eu com os nervos de viajante em franja, a dias de partir por duas semanas para Moçambique e eis que rebenta a bomba na justiça portuguesa. As minhas filhas ficam em Portugal, o marido também, e estarei eu a endoidecer, ou estes juízes dariam razão ao meu marido ir-me esperar ao aeroporto com uma marreta cheia de pregos, a 14 de Novembro para me dar com ela?! Afinal, vou abandonar o lar, mesmo que temporariamente...

Dá muito que pensar esta dissociação entre a realidade e a justiça portuguesa. Confesso que seguidora mas nem sempre evangelista da palavra das Capazes,  tenho de lhes dar razão a tudo o que dizem e assinar em cruz a partir deste triste evento. Ultimamente tenho me cruzado com uma ou outra antiga vítima de violência doméstica e a realidade é vergonhosa. Não dá para ficar de braços cruzados. A violência doméstica, de género ou não, não pode ser legitimada.

O maior fã desta minha viagem é o meu marido. Sim, os meus pais também estão contentes, mas não é a mesma coisa. Piadolas à parte, temos vários planos para os próximos dias estarmos os quatro sempre juntos, até à data da viagem. Quero acreditar pelo futuro das minhas filhas, que há e haverão cada vez mais homens como o H. Acredito que elas continuarão a ser educadas a respeitar as diferenças de género, amando e a ser amadas. Se há diferenças de género? Sim, há: basta olhar para dentro das cuecas. Mas não reconheço nem mais nem menos competências na parentalidade em mim ou nele, somos ambos Capazes. 
Há felizmente por aí uma nova versão de homens que vive o compromisso de ser pai com tanta intensidade como nós mulheres a de ser mãe. Ambos temos a mesma capacidade de dar beijos miraculosos nos joelhos esfolados.

Portanto, Moçambique aqui vou eu. 
Falta exactamente uma semana.
Ai que nervos.

Fonte: www.pixabay.com (CC0 Creative Commons)


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